Recortes Urbanos
Intervenção
Urbana 2004
Avenidas de São Paulo
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Av.
Jabaquara - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Av.
Marq. de S. Vicente - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Av. Rebouças - Imagem digital de 27m²
(3 x 9 metros)
Av. João Dias - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Av. Indianópolis - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Av. Hélio Pellegrino - Imagem digital de 27m² (3 x 9
metros)
Av. Prof. Vicente Rao - Imagem digital de 27m² (3 x 9
metros)
Av. Dr. Arnaldo - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Av. José Maria Witaker - Imagem digital de 27m² (3 x
9 metros)
Av. Prestes Maia - Imagem digital de 27m² (3 x 9 metros)
Revista
ARTE AL LIMITE - Materia de 4 paginas
Recortes
Urbanos - Catálogo
Recortes
Urbanos
Por WALDO BRAVO - 2004
Em 1935, René Magritte, na
sua obra “A condição humana II”, questionou a ambigüidade
entre a paisagem real e a paisagem representada.
Esse conceito, embora muito bem representado nesse quadro,
não é a realização dele, e sim, apenas a tradução figurativa
desse pensamento, o qual permaneceu no plano das idéias.
O sincronismo visual entre paisagem real e paisagem representada
só existe em obras sem autonomia, ou seja, em obras dependentes
da relação posicional do observador. A execução desse
conceito somente é possível mediante uma expansão territorial,
inserido-o no convívio do nosso mundo. Para isso, é necessário
abrir mão da autonomia da arte. Naquele momento de Magritte,
obras dependentes e relacionáveis não existiam - isso
era impensável. A autonomia da arte era sagrada e não
se falava na perda dessa autonomia.
O atual projeto “recortes urbanos”, que também poderia
chamar-se “A condição humana III”, em função do diálogo
com Magritte, apresenta aportes a esse conceito.
Este projeto de intervenção urbana questiona as relações
e interferências da imagem na paisagem, e da paisagem
na imagem.
A idéia é criar uma interferência na paisagem urbana
com uma imagem da mesma paisagem, fundida e sincronizada,
inserindo uma perturbação na superfície do campo visual
dessa mesma paisagem urbana, que somente é percebida
por olhares mais atentos e conscientes, provocando novas
leituras dos espaços ocupados pelo olhar.
Ao locomover-se diante dessas intervenções, observando-as,
o espectador perceberá que, num determinado ponto de
vista, é possível unificar e integrar, no campo visual,
a imagem digital e a paisagem real, criando-se alterações
nos planos e na profundidade visual.
O diálogo entre a paisagem real e a paisagem representada
resulta em indagações visuais entre a perspectiva real
e a perspectiva representada na superfície da imagem.
Ou seja, entre a profundidade real e o achatamento desses
planos e profundidade na superfície dessa imagem. Criam-se
dessa forma, significativas alterações entre a superfície
e a profundidade dessa paisagem urbana, entre aquilo
que é figura e aquilo que é fundo.
É perturbadora a sensação, ao olharmos em profundidade
sabendo que parte dessa profundidade é superfície. Trata-se
de um recorte visual na superfície da paisagem real.
Não procuro conteúdos específicos nas imagens, o meu
interesse é pela relação das imagens confundidas com
as paisagens, criando um contraponto de estranhamento
entre as imagens e as paisagens urbanas. Aqui, a Forma
e o Conteúdo se confundem, resultando em uma perturbadora
relação entre o tema e o procedimento, isto é, na maneira
de representar o conteúdo.
No atual projeto, a imagem precisa do suporte, mas apenas
para negar esse mesmo suporte. A imagem, ao se confundir
com a paisagem, provoca seu auto-apagamento, a negação
da imagem autônoma. Nesse momento, a presença e ausência
da imagem se confundem.
Nesse caso, não existe autonomia da imagem. Ela não faz
nenhum sentido em outro local. A imagem depende do lugar
específico e da relação com o espectador.
Estas intervenções atuam como uma forma poética de restauração
do campo visual em fragmentos da paisagem urbana de São
Paulo.
São intervenções que exigem muito mais que a simples
contemplação, exigem sensibilidade visual e novas atitudes
na relação com a paisagem urbana para estabelecer um
diálogo capaz de desvendar os mistérios dessas intervenções,
através de uma apreciação mais perceptiva, integrando
dessa forma o observador, a imagem e a paisagem urbana.
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Cidades Imaginadas
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA
MAC Ibirapuera - Pavilhão da Bienal - 2010
MAC
Ibirapuera - Pavilhão da Bienal - 2010
Videos:
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Território
7 - Imagem digital s/tela - 30 x 110 cm - 2010
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Território
2 - Imagem digital s/tela - 30 x 110 cm - 2010
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Território
3 - Imagem digitas/tela
- 30 x 110 cm - 2010
Cidades
Imaginadas - Folder
Cidades Imaginadas
Por SYLVIA WERNECK* - 2010
Uma cidade abriga infinitos mundos dentro de si. Não apenas em seu aspecto
físico, de múltiplas arquiteturas, contornos e fluxos, mas também pelo que
fazem dela seus habitantes, transformando-a de acordo com suas convicções,
hábitos e paixões . Há a dimensão do real, o que de fato existe e é visível
a toda gente e as dimensões percebidas, sonhadas, imaginadas, que por sua vez
influenciam a primeira e lhe atribuem múltiplos significados. Como definir
a cidade? Qual destas inúmeras materialidades ou percepções afetivas possíveis
seria sua melhor tradução?
Waldo Bravo faz sua ode à metrópole por ele adotada circulando entre o revelar
e o esconder. Há uma cidade que se faz invisível justamente por ser visível
– a paisagem diária que desaparece entre a pressa para tomar o ônibus e o cansaço
depois de mais um dia. Essa imagem cotidiana escondida pelo hábito ressurge
sobrepondo-se ao que antes era propaganda. Em outra série, os ícones da metrópole
paulistana escondem-se em impressões distorcidas, só podendo ser decifrados
quando se estabelece uma relação literalmente próxima com a imagem, que só
se revela por seu reflexo no espelho.
*Sylvia Werneck é Curadora adjunta do MAC - Museu de Arte Contemporânea
de São Paulo
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Cidades Imaginadas
Entrevista
a MARIA HIRSZMAN
Jornal O Estado de São Paulo
Maria Hirszman - Você poderia me descrever um pouco o trabalho que você
vai apresentar, inserindo-o no contexto de sua produção mais geral?
Waldo Bravo - Serão apresentados dois conjuntos de trabalhos: o primeiro
conjunto é formado por registros da Intervenção “Recortes Urbanos”, acontecida
nas ruas de São Paulo em 2004. Serão várias imagens fotográficas no tamanho
de 1 x 2 metros, além de um valioso registro em vídeo dessas intervenções no
qual será possível ver em movimento o diálogo construído entre a paisagem real
e a paisagem representada.
A idéia dessa intervenção urbana foi criar uma interferência na paisagem da
metrópole com uma imagem da mesma paisagem, gerando um questionamento na relação
tempo-espaço-deslocamento do campo visual dessa paisagem.
Nesse caso, não existe autonomia da imagem. Elas não faziam nenhum sentido
em outro local. As imagens de 27 m², fixadas em outdoors, dependiam do lugar
específico e da relação com o observador.
As imagens, na sobreposição com as paisagens, provocavam seu auto-apagamento,
a negação da imagem autônoma. Nesse momento, a presença e a ausência dessas
imagens se confundiam.
Foi uma forma poética de restaurar fragmentos da paisagem urbana de São Paulo.
O segundo conjunto é formado por imagens e paisagens de ícones da cidade, as
quais mediante processos digitais foram amplamente distorcidas, tornando difícil
a sua identificação. Entretanto, esses trabalhos contêm um pequeno espelho
situado nas bordas dessas imagens mostrando um outro território de representação,
a imaterial dos reflexos.
O observador é convidado a procurar o ponto de vista ideal de observação para
descobrir a representação imaterial da paisagem refletida no espelho.
O resultado é um estranhamento criado ao ter uma imagem real dialogando com
seu reflexo.
O projeto põe lado a lado dois tipos de representação: a representação material-física
(imagem digital deformada) e a representação imaterial (reflexo no espelho).
Nos últimos 10 anos tenho focado minhas pesquisas num território que eu resolvi
chamar de “arte relacional”, que é o campo das obras de arte sem autonomia.
Ou seja, formas de arte que de alguma maneira dependem de relações tempo-espaço-deslocamento
promovida pelo observador para revelar ou completar essa mesma obra.
Maria Hirszman - De que forma a questão da cidade está presente no seu
trabalho? A
fotografia é a linguagem por excelência desse tipo de reflexão estética sobre
a paisagem urbana?
Waldo Bravo - Passei toda minha infância em Nirivilo, um micro-povoado
de 200 habitantes na região central do Chile, e com 21 anos vim parar nesta
mega metropolis. Esse percurso de vida tem me obrigado a refletir o tempo
todo sobre o lugar onde vivemos. As questões autobiográficas sempre têm sido
a
base do meu processo criativo, desde o inicio.
Historicamente, a fotografia tem funcionado bem quando falamos de reflexão
estética da paisagem urbana, ainda mais agora com a poderosa imagem digital,
entretanto não podemos deixar de lado a linguagem do vídeo, a qual também da
conta do recado de forma espetacular.
Maria Hirszman - Na sua opinião, quais foram os critérios de seleção dos
artistas
presentes na exposição? Você vê alguma sintonia entre seu trabalho e o dos
dois outros artistas presentes?
Waldo Bravo - A meu ver, os critérios de seleção dos artistas convidados
foram a observação da singularidade e das poéticas visuais envolvidas em algum
trabalho realizado anteriormente, tendo como foco a metrópole.
Penso que são essas as semelhanças entre os nossos trabalhos. A partir daí
surgem profundas diferenças. Cada um de nós utiliza caminhos muito particulares
para construir seu discurso visual sobre a metrópole, ampliando dessa forma
a discussão sobre o tema.
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