Memorial
C57 e C59 - Imagem digital - 140 x 140cm
Memorial
C57 - Imagem digital - 140 x 140cm
Memorial
C59 - Imagem digital - 140 x 140cm
Memorial
70 - Acrílico sobre ferramenta - 18cm (diâmetro)
Memorial
69 - Acrílico sobre ferramenta - 23cm (diâmetro)
Memorial
57, 60, 59, 58, 76
Óleo e Acrílico sobre ferramentas - 97 x 25 x 18 cm
Memorial
77, 73, 74 - Óleo s/ferramentas -
103 x 26 x 18 cm
Memorial
61 - Acrílico sobre ferramenta - 186 x 36 cm
Memorial
63 - Acrílico sobre ferramenta - 163 x 30 cm
Memorial
62 - Acrílico sobre ferramenta - 149 x 36 cm
Memorial
63, 62, 68 e 70 - Imagem digital
Ferramentas
para uma arqueologia da pintura
Intervenção urbana, arte conceitual, fotografia e arte
relacional tem norteado o meu processo criativo nessa
última década. A exposição “Cidades Imaginadas”,
realizada no MAC de São Paulo em 2010, apresentou
um bom panorama de tudo isso.
A saudade de uma relação
mais intimista no processo criativo me fez retomar
a pintura, não como retorno a ela, e sim como processo
continuo de expansão, evolução e crescimento do meu
próprio trabalho. Sabemos que não existe volta ao passado.
Estamos sempre indo em frente.
A presente exposição implica
uma caminhada adiante sem esquecer nossas raízes. Ela
consiste de um momento de reflexão e diálogo com os
fundamentos simbólicos das artes visuais e de um encontro
com as suas raízes históricas.
Nessa exposição, a arte
se alimenta da arte, apresentando uma experiência antropofágica,
aonde utilizo fragmentos da história da arte como objeto
de reflexão estética da própria arte.
Estes ícones pintados
sobre ferramentas constroem uma narrativa de choque
visual. Essa interferência territorial provoca novas
leituras dos espaços ocupados pelo olhar, obrigando-nos
a sair da zona tradicional de conforto visual.
Boa parte destas pinturas
foram realizadas em óleo sobre aço, e outras em acrílico
sobre aço, utilizando procedimentos formais de pintura
contemporânea.
A utilização de ferramentas
no processo criativo não é algo novo. Elas estão presentes
nas obras de diversos nomes da arte moderna e pós-moderna:
Marcel Duchamp, Jim Dine, Jose Damasceno, Nino Cais,
Washington Silveira, Felix Bressan, Patric Hamilton,
entre outros. Cada um desses artistas, a sua maneira,
mostrou que o mais importante na arte não é O QUE,
e sim O COMO.
Apresento ações canibais
para criar um diálogo atemporal e arqueológico entre
passado e presente.
Um rápido passeio pela
história da arte, passando pela pré-história, renascimento,
até chegar na arte moderna e contemporânea. Há diálogos
com Henri Matisse e Giorgio Morandi. Há recontextualizações
com Willendorf, Auguste Rodin, Marcel Duchamp, León
Ferrari e Tunga. E citações de Leonardo da Vinci, Michelangelo,
Diego Velásquez, Vincent Van Gogh, René Magritte, Tarsila
do Amaral, Andy Warhol, Damien Hirst e Leonilson.
Estes nomes são símbolos
iconográficos e arquetípicos que abitam o imaginário
do mundo das artes. São artistas a quem devoto grande
admiração, e por isso, aqui presto a minha homenagem.
A herança “duchampiana”
é fundamental nesse processo criativo ao promover uma
dupla apropriação. Por um lado, nas ferramentas, e
por outro lado, nos ícones históricos, essenciais no
campo semântico das artes.
A utilização das ferramentas
provoca uma reflexão: seriam elas, apenas suportes
para as obras, ou seriam componentes estruturais das
próprias obras?
As ferramentas antigas
trazem consigo uma carga de tempo e memória impregnada
na sua superfície, a qual é incorporada à obra como
componente de conteúdo.
Nesse sentido, surgem
dúvidas e incertezas sobre o tema e a sua relação com
o suporte: Trata-se de uma ambígua relação entre aquilo
que é “conteúdo” e aquilo que é “suporte”. Conceitualmente,
podemos chama-las de obras-suportes ou, suportes-obras.
Os elementos que utilizo
nestes trabalhos discorrem sobre o tempo, na medida
em que obras do passado são revisitadas no presente,
construindo um diálogo atemporal. Os trabalhos exploram
as fronteiras da memória e da temporalidade mediante
releituras de alguns símbolos icônicos da arte de todos
os tempos.
Estou sempre a procura
da liberdade, seja ela utópica ou não, fugindo das
manipulações do mercado e das tendências dominantes.
Ao retomar a linguagem da pintura por meio de um procedimento
arqueológico, adotei uma postura de não linearidade,
de ruptura com tudo aquilo que aprisiona, prende, ou
sistematiza meu processo criativo, utilizando a experimentação
e o trabalho investigativo como ferramenta de evolução
e crescimento.
A experimentação é profundamente
sedutora para meu processo criativo, porque nesse território
a minha relação com o tempo e com a verdade sintoniza-se,
atualiza-se, recicla-se, e acima de tudo, me oferece
o divino encontro com a liberdade que não me canso
de procurar, seja no presente, no passado ou no futuro.
Waldo Bravo